Os funcionários novos da Fundação CASA/SP, não conhecem ainda as trágicas histórias da - Antiga FEBEM/SP.
Por isso neste espaço iremos a cada semana contar uma fase desta instituição que desde de sua criação como Pró Menor, teve momentos de brilho e resultados positivos, porém desde que passou a ser administrada pelo Governo do PSDB transformou-se em um verdadeiro calabouço para servidores e adolescentes.
Dedico este espaço a memória do grande e saudoso companheiro Geraldo José do Nascimento Padredi, um dos maiores profissionais que já conheci nesta Fundação e que me deixou de herança um arquivo de mais de 35 anos de história.
O GOLPE DA CPI DA FEBEM DE 1998/1999
Palco de diversas tragedias, onde na maioria absoluta das vezes as vitimas foram seus servidores e adolescentes que, perderam suas vidas ou foram mutilados covardemente pela falta de politicas publicas e a omissão do Governo do estado de São Paulo.
No dia 15.de Dezembro de 1998 em frente ao extinto Complexo Tatuapé, no ato de sua posse, o Presidente do Sindicato da categoria denunciava as péssimas condições de trabalho dos servidores e a péssima qualidade no atendimento dos jovens abrigados na fundação.
Em suas denuncias ele previa as diversas tragédias que se sucederiam e a forma maquiavélica com que a direção da FEBEM e Governo do Estado, preparavam-se para responsabilizar os funcionários e assim esconder a inoperância governamental.
Dez dias depois de efetuar as denuncia em pleno dia 25 de dezembro a profecia se transformou em realidade. Durante uma rebelião na unidade 7 do Complexo Tatuapé, um jovem morre queimado.
O Presidente da Fundação Eduardo R. Domingues, Entidades de Defesa da Criança e do Adolescente e Ministério Publico, imediatamente responsabilizaram os servidores pela morte do adolescente.
Dos 14 funcionários acusados , nove buscaram defesa no jurídico do sindicato e os outros cinco buscaram se defender por conta própria confiando nas promessas da direção da Fundação.
Todos foram demitidos e processados criminalmente, porém apenas os que foram defendidos pela entidade sindical foram reintegrados ao trabalho e absolvidos no processo criminal.
A partir deste episódio, a direção do sindicato começou reunir informações que a direção da fundação usava as rebeliões para superfaturar as reformas após a ocorrência destas, passando a denunciar publicamente tais fatos e a atrair a atenção da sociedade para a situação precária por qual passavam funcionários e adolescentes.
Com a atuação incisiva e constantes denuncias, o sindicato tornou-se a voz dos servidores, que sentiram -se mais fortalecidos, pois este respondia de imediato e a altura as acusações feitas pela Direção da Fundação, MP e Entidades de defesa da Criança e do Adolescente.
Com esta atuação da entidade sindical, o Governo e a Direção da Fundação ficaram isolados, e após sucessivas rebeliões nos Complexos Tatuapé e Imigrantes, foi instalada uma CPI para apurar os motivos de tantas rebeliões e fugas, além do numero cada vez maior de vitimas entre funcionários e adolescentes em episódios cada vez mais violentos.
A relatora desta CPI da FEBEM/SP como ficou conhecida, foi a então Deputada Estadual Maria Lucia Prandi - PT/Santos, que produziu um relatório de aproximadamente 280 páginas que apontaram diretamente a responsabilidade da Administração Direta da Fundação e do Governo do estado de São Paulo que era chefiado pelo então Governador Mário Covas.
No entanto no ato da votação do relatório desta CPI, a bancada governista do PSDB articulados pela Deputada Estadual Célia Leão - PSDB/Campinas, rejeitou o relatório de Maria Lucia Prandi de mais de 280 paginas e aprovou o relatório substituto de Célia Leão de apenas 3 páginas que não responsabilizava ninguém, isentando totalmente a Direção da Fundação e o Governo.
O golpe Governamental na CPI no entanto trouxe consequências catastróficas, pois diante a inércia do Governos e da falta de uma politica efetiva para atender aos adolescentes autores de ato infracional duas mega rebeliões ocorridas nos Complexos Tatuapé e Imigrantes colocaram a publico a verdadeira fábrica de horrores chamada FEBEM/SP.
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Corpos em rebelião e o sofrimento-resistência - SciELO
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